terça-feira, 17 de março de 2015

    Já é terça-feira e eu começo a tentar me recuperar dos eventos de Domingo. Difícil entender e separar o joio do trigo. Tinha de tudo para todos os gostos:  Xerecas e peitinhos sacudindo-se aos quatro ventos, adolescentes emburrecidos sem a menor idéia do significado da coisa posando sorridentes ao lado de tanques e tropas com o auxílio dos seus indefectíveis paus-de-selfie, velhos paranóicos babando de medo do comunismo, classe média branca bem intencionada expressando sua indignação equivocada.
   Sobrou até para o grande Paulo Freire, que goste-se ou não, foi um dos grandes gênios da raça.
   Surpreendentemente, não haviam muitos pretos e pobres protestanto, estavam pelas beiradas catando latas, pedindo esmolas e sendo amplamente ignorados. Até  mesmo Salvador se mostrou loira de olhos azuis.
   Uma catarse onde os cidadãos de bem uivavam todas as frustrações imagináveis e os loucos em geral puderam parar com sua medicação e desfilar sua loucura em estado glorioso.
   Os analistas políticos se desdobram para explicar e fazer a coisa ter algum sentido. Tratam as manifestações como evento puramente político. Mas o Brasil nunca foi tão simples e a psiquiatria bem que poderia colaborar para elucidar o grande vômito patriótico.
   No meio disso tudo, também é claro, estavam os sinceros e bem intencionados, que se esqueceram dos velhos ditados das vovós, que diziam que de boas intenções o inferno está cheio, quem sai na chuva quer se molhar, diga-me com quem andas e te direi quem és e alguns outros que teriam sido úteis nessa hora de aperto.
   Agora temos um governo absolutamente isolado e paralisado, o mensalão, o trensalão e o swissleaks provavelmente irão se esvair pelo ralo, a reforma política não vai sair nem a pau e as outras muitas reformas e ajustes de que todos gostaríamos vão evaporar como gotas de orvalho.
   Azeitona. Empada. Alheia.

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